Amadora

Lisboa e Vale do Tejo

Amadora

A Amadora é uma cidade portuguesa pertencente ao distrito e área metropolitana de Lisboa. É sede de um dos mais pequenos municípios de Portugal, com apenas 23,79 km², mas 175 136 habitantes (2011), sendo o mais densamente povoado do país e a quarta cidade mais populosa de Portugal, dividindo-se em seis freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Odivelas, a sueste por Lisboa, a sul e oeste por Oeiras e a oeste e norte por Sintra.

O território concelhio é habitado desde tempos remotos, com diversos vestígios da ocupação pré-histórica da área. No entanto, a cidade da Amadora constituiu-se em torno do lugar da Porcalhota, servida pela Capela de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, sede de irmandade própria que dispunha de avultados bens. Pertenceu, entre os séculos XIX e XX, ao concelho de Oeiras, sendo em 1936 que se desmembra de Carnaxide e passa a constituir freguesia, enquanto que é elevada a vila no ano seguinte. Em 1979, é elevada a cidade e passa a dispor de município próprio pelo seu desenvolvimento demográfico. Inicialmente de cariz rural e pontilhado de aldeias e pequenos casais, o concelho foi-se desenvolvendo em virtude da melhoria das acessibilidades, especialmente após a construção da Linha de Sintra. Entre as décadas de 1950 e 1970, sofreu uma explosão demográfica em virtude da sua posição dentro da primeira coroa envolvente à capital.


História

A área que hoje integra o concelho da Amadora foi ocupada continuamente desde o Paleolítico, dada a diversidade dos recursos cinegéticos, da fertilidade dos seus solos e da abundância de água. Um dos expoentes máximos desta ocupação remonta ao Calcolítico, com a Necrópole de Carenque. Estas grutas artificiais representam um novo tipo de sepulcro destinado à inumação coletiva abertos em rocha calcária branda, tendo paralelismos com as Grutas da Quinta do Anjo, de Alapraia e de São Pedro do Estoril. Entre os materiais encontrados no local encontram-se diversos objetos de cerâmica (como taças, copos canelados e taças campaniformes), artefactos elaborados em osso (agulhas e botões) e objetos líticos (lisos e decorados e elaborados em calcário, como enxós, cinchos; bem como placas de xisto e lúnulas) e metálicos (pontas de seta, lâminas e punhais). Estes objetos acompanhavam os mortos, ao lado de quem eram colocavadas armas e utensílios da usados durante a vida, recipientes com alimentos e objetos de adorno e simbolismo religioso. Atualmente, as suas réplicas integram a Mala Didáctica Municipal, destinada às escolas primárias do concelho. Alguns destes materiais permitem aferir que esta ocupação se tenha dado entre os IV e III milénios a. C..

A zona foi habitada continuamente e, pelos séculos II e III, os romanos já haviam deixado vestígios no concelho. O mais destacável é o Aqueduto Romano de Amadora, com origem na Barragem Romana de Belas. Também foram feitos outros achados, como a Vila Romana da Quinta da Bolacha, a Necrópole de Moinho do Castelinho e objetos de cerâmica (como púcaras).

Após o domínio árabe, durante a Idade Média, a região da Amadora ter-se-à mantido como um território de cariz rural, produzindo alimentos que abasteciam a cidade de Lisboa. Foi também explorado pelos seus recursos geológicos.

A região da Amadora serviu durante vários séculos de estância de veraneio para famílias abastadas de Lisboa. A salubridade do sítio, a proximidade da capital, as facilidades de comunicações e vasta área disponível para urbanização estão na base de um potencial desenvolvimento de construções e reabilitação da cidade que, em determinadas zonas, ainda tem habitações clandestinas.

O actual território da Amadora nasceu da divisão da antiga freguesia de Benfica, cortada pela Estrada da Circunvalação aquando da redefinição dos limites de Lisboa, em 1885-1886. A freguesia extramuros, chamada Benfica-Extra, ficou a pertencer ao concelho de Oeiras. O principal núcleo da freguesia era lugar da Porcalhota, então situado ao longo de um dos mais antigos e importantes eixos viários da região, a Estrada Real que ligava a capital a Sintra, e provido mais tarde de uma estação ferroviária. No entanto, o concelho possuía vários casais, entre eles os da Amadora, Venteira e Falagueira, próximos da Porcalhota. Em 1907, a população local pediu ao rei D. Carlos que permitisse a mudança de nome, situação a que o Ministério do Reino deu despacho, ordenando que todos estes núcleos urbanos tivessem a designação de Amadora em 28 de outubro de 1907.

Foi elevada a freguesia dentro do concelho de Oeiras em 17 de abril de 1916, e foi elevada a vila em 24 de junho de 1937. Em 1962, quando se comemoraram os 25 de vila, era considerada a localidade mais populosa da linha de Sintra, devido às migrações rurais, ao desenvolvimento industrial e à proximidade de Lisboa.

O município da Amadora viria a ser criado em 11 de setembro de 1979, por secessão da freguesia da Amadora, no nordeste do concelho de Oeiras. Dias depois, a 17 de setembro de 1979, a vila da Amadora é elevada a cidade, e a freguesia homónima é dividida em oito freguesias: Alfragide, Brandoa, Buraca, Damaia, Falagueira-Venda Nova, Mina, Reboleira e Venteira. Na ocasião agregou a si partes das freguesias de Queluz e de Belas, pertencentes ao concelho de Sintra, e tendo cedido a localidade de Presa que passou a fazer parte da freguesia de Odivelas, atual concelho de Odivelas.

Em 1997, foram criadas as freguesias de Alfornelos (parte da freguesia de Brandoa), Falagueira, Venda Nova (divisão da freguesia de Falagueira-Venda Nova) e São Brás (parte da freguesia de Mina), sendo esta a divisão municipal até 2013, ano em que estas freguesias foram extintas (as alterações podem ser consultadas nos respectivos verbetes).

Entre os seus símbolos contam-se o Aqueduto das Águas Livres, bem como os campos de aviação que tiveram tanta importância na emergência da aviação em Portugal, sendo que ainda hoje o Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa se situa no concelho, na freguesia de Alfragide. Ambos figuram nas armas da cidade.

À semelhança dos restantes concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, a Amadora possuía muitos bairros de lata, habitados maioritariamente por população imigrante de Cabo Verde. Graças ao Programa Especial de Realojamento, até 2007 foram extintos no concelho da Amadora 15 bairros deste tipo, entre os quais os bairros da Ribeira da Falagueira, da Azinhaga dos Besouros e das Fontainhas. Os moradores foram realojados em quatro grandes bairros de habitação social: Bairro do Zambujal, Casal da Boba, Casal da Mira e Casal do Silva. Atualmente ainda persistem bairros de construção informal, como a Cova da Moura.