Vila Real

Alto Douro Vinhateiro

Vila Real

Vila Real é uma cidade portuguesa e capital do distrito de Vila Real, situada na Região Norte, sub-região do Douro e na antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro, com cerca de 93.322 habitantes no seu perímetro urbano (2011). É capital da província tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro.

É sede de um município com 378,80 km² de área e 51 850 habitantes (2011), subdividido desde a reorganização administrativa de 2012/2013 em 20 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Ribeira de Pena e de Vila Pouca de Aguiar, a leste por Sabrosa, a sul pelo Peso da Régua, a sudoeste por Santa Marta de Penaguião, a oeste por Amarante e a noroeste por Mondim de Basto.

Localizada num planalto situado a cerca de 450 metros de altitude, sobre o promontório formado pela confluência dos rios Corgo e Cabril, onde se situa a sua parte mais antiga (Vila Velha), a cidade está enquadrada numa bela paisagem natural (Escarpas do Corgo), tendo como pano de fundo as serras do Alvão e, mais distante, do Marão. Com mais de setecentos anos de existência, Vila Real foi outrora conhecida como a "Corte de Trás-os-Montes", devido ao elevado número de casas brasonadas que então tinha, por virtude da presença dos nobres que aqui se fixaram por influência da Casa dos Marqueses de Vila Real, presença ainda hoje visível nas inúmeras pedras-de-armas que atestam os títulos de nobreza dos seus históricos proprietários.


História

A região de Vila Real possui indícios de ter sido habitada desde o paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, revelam a presença romana. Porém com as invasões bárbaras e muçulmanas verifica-se um despovoamento gradual.

Nos finais do século XI, em 1096, o conde D. Henrique atribui foral a Constantim de Panóias, como forma de promover o povoamento da região. Em 1272, como novo incentivo ao povoamento, atribuiu D. Afonso III foral para a fundação (sem sucesso) de uma Vila Real de Panoias, que alguns autores defendem ter sido prevista para um local diferente do actual (provavelmente o lugar da aldeia de Ponte na freguesia de Mouçós). Somente em 1289, por foral do rei D. Dinis, é fundada efetivamente a Vila Real de Panóias, que se tornará a cidade atual. No entanto, ao que parece, já em 1139 se chamava «Vila Rial» ao promontório onde nasceu a cidade atual, na altura pertencente à freguesia de Vila Marim.

A localização privilegiada, no cruzamento das estradas Porto-Bragança e Viseu-Chaves, permite um crescimento sustentado. A presença, a partir do século XVII, da Casa dos Marqueses de Vila Real faz com que muitos nobres da corte também se fixem, facto comprovado pelas inúmeras pedras-de-armas com os títulos de nobreza dos seus proprietários que ainda hoje se vêem na cidade.

Com o aumento da população, Vila Real adquiriu no século XIX o estatuto de capital de distrito (homónimo) e posteriormente no século XX o de capital da província histórica de Trás-os-Montes e Alto Douro. Em 1922 foi criada a Diocese de Vila Real, territorialmente coincidente com o respectivo distrito, por desanexação das dioceses de Braga, Lamego e Bragança-Miranda, e em 1925 a localidade foi elevada a cidade.

Foi a terceira cidade portuguesa a receber abastecimento de energia pública e a primeira a produzir energia hidroelétrica, no ano de 1894, na Central Hidroelétrica do Biel, localizada no Rio Corgo, pela mão de Emílio Biel, que funcionou até 1926.

Conheceu um grande desenvolvimento com a criação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em 1986 (embora esse já viesse a acontecer desde 1979, com o Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro, sucessor do Instituto Politécnico de Vila Real, criado em 1973), que contribuiu para o aumento demográfico e revitalização da população, possuindo 6.651 alunos inscritos no ensino superior (2017).

Nos últimos anos, foram criados em Vila Real vários equipamentos culturais, que trouxeram novo dinamismo à cidade, como o Teatro de Vila Real, o Museu da Vila Velha, Museu do Som e Imagem e o Conservatório Regional de Música, e a transferência da Biblioteca Municipal e do Arquivo Municipal para edifícios específicos para esse fim. Têm também sido valorizadas várias áreas da cidade, como o Centro Histórico e a Vila Velha e os bairros tradicionais da cidade, como o Bairro dos Ferreiros e o Bairro S. Vicente de Paula. A área envolvente do Rio Corgo tem também sido reabilitada, tendo-se transformado no Parque Corgo, Parque Florestal e o Complexo Recreativo de Codessais, incluindo componentes culturais como o Centro de Ciência e o Teatro Municipal.

Atualmente, Vila Real vive uma fase de crescente desenvolvimento, a nível industrial, comercial e dos serviços, com relevo para a saúde, o ensino, o turismo, apresentando-se como local de eleição para o investimento externo, sendo a cidade conhecida internacionalmente devido à etapa da Corrida de Portugal da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCR), que decorre no Circuito Internacional de Vila Real.

Numa relação estreita com a história e arqueologia do concelho de Vila Real, a memória coletiva preservou, ao longo das gerações, um valioso património lendário, alvo de divulgação e estudo pelo escritor e etnógrafo Alexandre Parafita. Boa parte desse património é apresentada na obra Património Imaterial do Douro, vol. III.